O Fluminense lança, nesta terça-feira (18/11), uma camisa comemorativa para o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro (a próxima quinta-feira), e apresenta uma campanha audiovisual que celebra a presença, história e potência da comunidade negra no clube. A peça homenageia a dupla Washington e Assis, que formam o lendário Casal 20 e marcaram época na década de 1980. A homenagem reforça o papel fundamental de atletas negros na história tricolor e destaca como suas trajetórias se cruzam com os desafios e resistências da população negra no futebol brasileiro.A nova camisa, predominantemente grená e produzida em parceria com a Braziline, já está à venda nas Lojas Oficiais do Fluminense e reúne, em seus detalhes, significados culturais e simbólicos ao clube e à cultura negra. A escolha por elementos afro-diaspóricos reafirma o compromisso do clube com memória, ancestralidade e educação antirracista.Um dos itens presentes na camisa é o Nea Onnim, um símbolo adinkra dos povos Akan, originários de Gana, que traduz “aquele que não sabe pode aprender”. A inclusão do Nea Onnim, tradicionalmente associado à sabedoria e ao aprendizado contínuo, convida a torcida a reconhecer que o enfrentamento ao racismo exige conhecimento, escuta e transformação coletiva. Ele acompanha a frase “Recordar é viver” nas costas da camisa, reforçando que a desconstrução do racismo, para o clube, é um compromisso contínuo, e que o desconhecimento não encerra o diálogo, mas abre a porta para o aprender. A frase, eternizada pelo Casal 20, funciona aqui como um chamado à preservação da memória negra tricolor.Outro detalhe marcante no desenho da camisa é a Espada de São Jorge, planta originária da África e trazida para o Brasil pela população diaspórica. Ela é utilizada em rituais religiosos de matriz africana e conhecida como planta de proteção contra o mau-olhado, tradicionalmente colocada próxima à entrada das casas. O desenho aparece em uma padronagem por toda a camisa.O escudo do Fluminense é exibido em versão monocromática, com relevo inspirado por grafismos africanos, unindo estética e memória para evidenciar a presença negra que estrutura a trajetória tricolor.Washington e Assis, que marcaram época na década de 1980 conquistando o Campeonato Brasileiro de 1984 e o tricampeonato estadual de 1983-84-85, aparecem em um patch estilizado na barra frontal direita. A parte traseira da camisa traz a frase “Recordar é viver”, associada à dupla. A presença do Casal 20 não é apenas uma celebração esportiva, mas um gesto político de reconhecimento: atletas negros foram fundamentais para as maiores alegrias do clube e permanecem como símbolos de genialidade, amor à camisa e resistência.A CAMPANHAIntitulada “20 de Novembro”, a campanha se materializa em um vídeo-painel: uma reunião de arquivos históricos e cenas com torcedores reais que, em vez de contar uma história única, formam um mosaico da memória negra tricolor, reafirmando uma força coletiva que liga passado, presente e futuro. A escolha pelo formato mosaico evidencia que a história negra do Fluminense não pertence a um indivíduo ou período, mas constitui a espinha dorsal afetiva e cultural do clube.A abertura do filme traz o massagista Jerônimo “Gegê” Barreto, presença histórica do clube há mais de 45 anos, em uma sequência íntima em que uma criança lhe oferece uma caixinha de fósforos. Gegê, que além de massagista também possui uma história como ritmista da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, pega a caixa e começa a marcar o compasso e a assoviar a melodia de “Recordar é viver”. Desse ponto em diante, o vídeo se desenrola percorrendo uma linha do tempo que atravessa os 124 anos do Fluminense, entrelaçando imagens de grandes personalidades negras que dialogam com a história do clube. O protagonismo de Gegê reafirma que a negritude do clube não se restringe ao campo, mas permeia o cotidiano e o ritmo da instituição.O vídeo faz referência a jogadores negros que ajudaram a construir a trajetória tricolor e outras figuras históricas ligadas ao clube, como Arnaldo Santhiago (presidente do clube entre 1993 e 1995 e um dos poucos presidentes negros da história do futebol brasileiro), além de torcedores ilustres como Donga, Cartola, Jorge Lafond, Tião Macalé, MC Gorilla, Selminha Sorriso e Xamã, que, de diferentes formas, foram pioneiros em seus trabalhos na arte e cultura brasileiras. Um desses célebres artistas tricolores, o criador do “Trem do Samba” e da Feira dás Yabás Marquinhos de Oswaldo Cruz, empresta a voz à peça, servindo como narrador do vídeo. Ao reunir figuras de diferentes gerações, territórios e linguagens artísticas, a campanha reforça que a presença negra no Fluminense ultrapassa o futebol e estrutura uma identidade cultural ampla e vibrante.O filme foi rodado tanto na sede de Laranjeiras quanto na praça Duque Costa, ao lado do clube, onde obras do MART (Movimento Artístico Tricolor) imprimem a identidade tricolor às paredes da vizinhança, incluindo uma pintura realizada pela artista negra Val Pires (@xilopretura) este mês, também em celebração ao feriado da Consciência Negra, em homenagem à sambista tricolor Jovelina Pérola Negra.A campanha e a camisa visam a reafirmar o compromisso do Fluminense em reconhecer, honrar e defender a presença negra que sustenta sua história, em um contexto em que o futebol brasileiro ainda enfrenta práticas racistas. Um gesto de memória e celebração que se junta a outras iniciativas pregressas, como a websérie “Herdeiros de Chico Guanabara”, que trouxe à tona temas de cunho étnico-racial envoltos na história de paixão do Fluminense por meio da figura emblemática do histórico personagem. Assim, a campanha se insere em uma agenda contínua, e não pontual, de valorização da identidade negra tricolor.Fotos: Marcelo Gonçalves/FFCTexto: Comunicação/FFC
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